terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Mercado de Ideias

Actualmente muitos jovens portugueses sentem-se distantes da política, já que acreditam que um voto não vai fazer diferença e consideram que não dispõem dos instrumentos necessários para participarem no “autogoverno” português. Infelizmente têm alguma razão, sendo prova disso a sessão de trabalho que S.Exa. Senhor Presidente da República organizou, subordinada ao tema “Jovens e a Política”, à qual tive o prazer de participar.
A “teoria da vinculação” (attachment theory) foi formulada em 1958 por John Bowlby, consistindo num ramo novo da psicologia do desenvolvimento que ajuda a explicar a importância de uma comunicação sistemática e bidireccional, e o seu impacto na disposição de uma pessoa para agir. Tomando como certo que a democracia depende do envio e recepção de sinais entre os cidadãos e entre estes e os seus representantes eleitos, acredito que a eficácia de uma democracia depende do estabelecimento de “protocolos” de comunicação abertos entre os seus agentes.
Normalmente a solução que a esquerda advoga face ao afastamento dos jovens pela política é o reforço da educação tradicional na Escola. Contudo, não é suficiente transmitir dados histórico-politicos do docente para o aluno, num só sentido. O mais relevante seria estimular o brainstorming por parte dos alunos relativamente a questões políticas, desde muito cedo. Desta forma, conseguir-se-ia o 2 em 1 porque os alunos iriam despertar o interesse político e, por outro lado, os professores iriam ser obrigados a estar igualmente informados. Note-se que o conhecimento político dos jovens-adultos e adultos (professores incluídos), revelado no estudo da Universidade Católica Portuguesa para Presidência da República, é igualmente preocupante.
Paralelamente à Escola, os meios de comunicação social desempenham um papel de informação fulcral. A televisão é indubitavelmente um meio poderosíssimo de comunicação e o Governo, em particular o presente, adaptou-se habilmente às suas valências a fim de maximizar o impacto do Primeiro-ministro no dia-a-dia dos cidadãos. No entanto, a Assembleia da República não tem conseguido impor-se nos lares portugueses. Acredito que se os debates mais importantes fossem transmitidos no canal público em horário nobre (à noite e durante a semana), os portugueses estariam muito mais próximos da vida política. Não há dúvidas quanto ao papel informativo da TV, no entanto, Al Gore lembrou no seu último livro, The Assault on Reason, que em todo o Mundo a comunicação passou a ser feita uni-direccionalmente, tendo-se registado um decréscimo considerável da democracia participativa. Contudo, a emergência da internet e de algumas plataformas a ela associadas (como o You Tube, o blogging, a Current TV, o My Space, o Facebook e as wikis) são baseadas em redes neutras e abertas, o que permite criar uma democracia on-line e revitalizar o discurso vigente. Ou seja, torna-se extremamente fácil publicar opiniões na internet e, consequentemente, estabelecer-se uma meritocracia das ideias.
Para terminar, gostaria de lembrar o que Thomas Jefferson um dia escreveu: “sempre que as pessoas estão bem informadas, podemos confiar em que saberão governar-se; em que saberão, sempre que as coisas corram mal a ponto de chamar a sua atenção, corrigir a situação”.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Os Desafios da Humanidade


A Selecção Natural corresponde a uma teoria explicativa da evolução das espécies, proposta por Charles Darwin. Segundo o naturalista britânico os organismos que manifestam uma dada variação específica - que os tornam mais aptos - terão mais sucesso de sobrevivência do que os organismos sem essa variação [1]. A referida teoria irá ser amplamente útil às análises que pretendo efectuar neste espaço que estou a estrear.
No presente artigo irei discorrer sucintamente sobre alguns desafios que a Humanidade enfrenta. Começando por detectar a origem de algumas ameaças globais, gostaria de relembrar que o economista Garrett Hardin afirmou que quando um recurso é utilizado livremente por todos, cada utilizador ignora os efeitos nefastos que as suas acções terão sobre os restantes. Esta publicação permitiu perceber a génese da poluição ambiental e da sobre-exploração dos recursos (petróleo por exemplo) [2]. Estes dois problemas exigem uma intervenção global e em bloco, já que provocam diversos desafios à Humanidade (Alterações Climáticas, Aquecimento Global, insegurança no abastecimento de energia, emergência de doenças tropicais no Ocidente, aumento da frequência de tempestades e furacões,…). Outro fenómeno que gostaria de abordar refere-se à famigerada Globalização. Segundo o prémio Nobel da Economia, Joseph E. Stiglitz, a globalização, por princípio, origina diversas vantagens à sociedade [3]. No entanto, Rober B. Zoellick, presidente do World Bank, afirma que as grandes valências da globalização ainda não foram endereçadas a todos [4]. A título de exemplo, hoje em dia é muito comum encontrar fenómenos de exclusão, pobreza e danos ambientais em muitos países do Mundo. Imagino que o estimado leitor não me irá levar a mal se eu incluir Portugal nesse leque de países. Por conseguinte, urge acção global e nacional.

[1] DARWIN, Charles, On the Origin of Species by Means of Natural Selection, London, 1859;
[2] HARDIN, Garrett, The Tragedy of the Commons, Science, 1968;
[3] STIGLITZ, Joseph E., Making Globalization Work, 2006;
[4] ZOELICK, Robert, Anual Meeting – Board of WB’s Governors, 2007;